segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Saudosismo

E assim, do nada, bate uma vontade de pegar a estrada. Ouvir uma boa música, cantar tão alto quanto a garganta aguentar e pisar tão fundo quando as condições do caminho permitirem. Ou talvez, vontade de voltar aos domingos da casa dos avós, onde não sobrava sequer um dedo mindinho que não fosse coberto pelo barro dos improvisados bolinhos de chocolate. Quem sabe se precise apenas sentar em um lugar tranquilo, ouvir o barulho dos pássaros, ou ver as luzes da cidade enquanto os pés recostam levemente sobre uma grama macia. Um banho de cachoeira, um banho no “Pessegueiro” ou no Comandaí...Um colo de mãe, um sorriso meio “tímido” de pai, os conselhos de um irmão e a gargalhada gostosa de uma irmã. Talvez seja necessário só tirar um dia para jogar “pé na bola”, vôlei na quadra do Alvorada, ou bingo na “baixada”. Dançar até o sol raiar, tomar banho de chuva na praça mesmo depois dos 20 anos, gargalhar até cair lágrima, fazer serenata, tomar chimarrão em uma boa roda de amigos de preferência com a companhia de um violão. Comprar uma vodka de 4 reais, misturar com suco e achar gostoso, viajar para lugares desconhecidos, acampar, rir de si mesmo, jogar truco até altas horas. Chegar em “casa” de surpresa, discutir com a família por coisa besta, passear na barragem de Bom Retiro, ver o avô usando avental de “melhor churrasqueiro do mundo” e a avó preocupada com a consistência do sagu de vinho. Talvez só seja necessário poder ver o sobrinho crescer, os pais envelhecerem, os irmãos felizes e com novos desafios a cada dia e até mesmo ver a cachorra comendo flores e bagunçando a sacada. Ou talvez só seja preciso esperar o tempo passar e ir entendendo, aos poucos, que a saudade sempre vai fazer parte da vida. De uma forma ou de outra.

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