sábado, 1 de setembro de 2012

Pombas não choram

Se eu conseguisse conversar com uma pomba ela provavelmente me diria que eu estou ficando maluca. Sempre dizem que a grama do vizinho é mais verde do que a nossa e a pomba provavelmente me diria a mesma coisa quando eu contasse a ela que queria ter nascido em seu lugar. Pombas não precisam estar sempre sorrindo, não precisam provar sua competência para ninguém e não se sentem culpadas quando uma batida de asas não sai exatamente como elas imaginavam. Pombas voam livremente quando precisam colocar a cabeça no lugar. Humanos se trancam em seus quartos e choram, porque se fizerem isso na rua, seriam alvo dos olhares das pessoas. As pombas apenas seguiriam voando como se mais nada importasse. Os humanos reprimem seus sentimentos pra não magoar quem está por perto, não vão pra rua em um momento de choro desesperado, por medo do julgamento dos outros. Humanos se sentem inferiores quando não se enquadram nos padrões de beleza da sociedade. Humanos vivem de aparências. As pombas apenas voam. Humanos não admitem erros, principalmente os próprios erros. Eles machucam. Humanos possuem uma coisa chamada auto-estima que, quando está baixa, afeta todos os segmentos da vida deles. Humanos se sentem fracassados quando cometem pequenos deslizes. Eu sou uma humana querendo ser pomba. Sou uma humana revoltada com os olhares atravessados na rua, com os julgamentos de quem nem me conhece e revoltada com essa minha postura de querer ser competente em tudo que faço. Sou uma humana que queria conseguir se permitir errar. Que não se condenasse por não conseguir tirar nota máxima, por não conseguir perder 10 Kg em dois meses, por não conseguir dirigir com naturalidade ou por não conseguir manter o sorriso na face o tempo todo. Queria acreditar no "errar é humano". No fundo, queria mesmo é ser pomba. Ser apenas livre de mim mesma!

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