-Calor né?
-Pois é, hoje ta demais.
-Você vai pra onde?
-Pra Campina e a senhora?
-Vou pro Barreiro.
E assim começou o papo de uma hora no banco empoeirado da rodoviária de Palmeira.
Onibus chegam, onibus se vão. Pessoas passam, embarcam e desembarcam. Pessoas estranhas. Meninos que cantam. Conversas... Os auto-falantes se encarregam de sonorizar o ambiente. Malas, mochilas, sacolas, compras...Flores, muitas flores nas sacolas. Finados se aproxima. Onibus denovo, fiscais do DAER e calor, muito calor.
Entre a chegada de uns e saída de outros, a senhora ali do meu lado não para de falar e de contar histórias. Ela tem uma sobre cada assunto, sobre cada pessoa. Assim passaram-se 60 minutos, aqueles mesmos minutos que eu achei que levariam uma eternidade pra passar. Que bom! Enquanto escuto as suas histórias me pego pensando em como tem gente que fala pelos cotovelos. Pq fulano fez isso, em tal lugar era assim, o José (que eu não tenho a minima ideia de quem seja) disse que isso tudo aconteceu por culpa do vizinho...Credo!!!
Durante um assunto e outro ela enxuga sua face na camisa vermelha que veste. A camisa já está muito molhada. Não sei o que a leva a pensar que aquela peça de roupa seja capaz de absorver alguma gotícula de seu suor. O tempo passa depressa. O onibus com destino a Novo Barreiro encosta no box 09. Bem na nossa frente. A senhora papuda levanta-se e me estende a mão.
-Foi um prazer te conhecer. Me chamo Lurdes e voce?
Com um sorriso no rosto respondo o meu nome e desejo boa viagem pra ela que esteve em minha companhia na ultima hora. E foi aí a minha surpresa. Com os olhos aguados e o sorriso mais puro que já vi na minha vida Lurdes agradece a companhia e com a voz rouca me fala que são poucos os jovens que largam seus fones de ouvido para ouvir histórias de uma "velha". Me deu um abraço apertado, caminhou em direção ao onibus, entrou, sentou. E quando o onibus estava partindo, sorriu, abanou me fez ficar mais um tempo sentada no banco empoeirado da rodoviária pra escrever essas linhas.
Baaah!
ResponderExcluirSempre tem uma velhinha simpática pra puxar papo e fazer a gente sorrir... :D
qe lindo esse post mana!
ResponderExcluirtu me dá orgulho guria... vale ouro!
amomaisdoquetudonessavida!
O bom jornalismo se faz de ouvir histórias. Quase um psicólogo que nao cobra por consultas kkkkkkkkk
ResponderExcluirbeijos, anjo
=*